Aviso para a GenX e boomers:
a linguagem utilizada está cheia de neologismos,
refletindo a gíria multilingue da juventude de hoje,
onde as tendências sociais são chamadas de trends,
os desafios são chamados de challenges,...
e - em suma - um novo esperanto parece estar a surgir.
a linguagem utilizada está cheia de neologismos,
refletindo a gíria multilingue da juventude de hoje,
onde as tendências sociais são chamadas de trends,
os desafios são chamados de challenges,...
e - em suma - um novo esperanto parece estar a surgir.
Os nossos jovens, as gerações que nasceram depois da nossa, cresceram a maior parte do tempo institucionalizados: em creches, escolas, atividades extracurriculares, etc., por isso tenhem falta de criança, de convivência familiar e de vida comunitária que tenha como base a solidariedade. São também filhos do capitalismo, do consumir até morrer, do usar e deitar fora, etc., por isso as suas ações tenhem uma mais-valia pois estão a criar um mundo novo, o seu, com novas formas de se relacionar, novos ativismos,... Este é o contexto inicial do que vas ler, onde a romantização do subconsumo é em si um estilo de vida, um lifestyle.
Eu sou uma senhora maior que embora esteja de volta da vida, emprega a rede social de moda, o TiqueToque, como fonte de inspiração e informação. Gosto dela porque, embora possamos encontrar nela os meios de comunicação de massas que servem ao sistema (incluo nesta categoria aos bots que o Senhor Sistema utiliza para espalhar as fakenews), também temos a atualidade da boca de quem a vive, e o mesmo acontece com as tendências, sendo por vezes as grandes marcas as que as refletem e não o contrário.
No verão de 2024, nasceu um trend com a hashtag #underconsumptioncore que se tornou muito popular e continua em alta dous anos despois, uma tendência que valoriza um estilo de vida de decrescimento, longe do consumo excessivo.
Talvez para leitores de gerações anteriores possa parecer muito óbvio viralizar um estilo de vida que para nós é o habitual, mesmo com o qual crescemos, mas deve ser contextualizado no momento atual porque os jovens millennials nasceram e cresceram no capitalismo mais selvagem sob a máxima de "você é o que você tem", bombardeados com hauls e unboxings sem fim, onde a máxima é consumir até morrer, com contas onde é convidado a consumir cada vez mais produtos com inúmeras hashtags, como #TikTokMadeMeBuyIt
Agora, os jovens, com o #underconsumptioncore como bandeira, estão a assumir o papel de adalides anticapitalistas, destacando as consequências do consumo excessivo para nós e para o planeta e enfatizando uma vida de consumo consciente. O tema central deste trend é a máxima "comprar apenas o necessário, quando necessário".
Transformaram o underconsumption numa questão cultural, que valoriza o menos, é mais.
Acho emocionante ver que, no lugar onde os criadores de conteúdo exibem as suas últimas aquisições em frente às câmaras fruto do consumismo mais desenfreado e muitas vezes patrocinado polas marcas, há espaço para este trend totalmente antagónico, onde outros jovens criadores de conteúdo e até mesmo alguns influencers, se gabam de não consumir desnecessariamente, exibindo os seus skincares com poucos e muito selecionados produtos e até mesmo chegando ao ponto de adotar hábitos de moda do passado, como arranjar em vez de substituir, o #mending e, se for visível melhor ainda, usar e herdar roupas de outras pessoas, arranjar porcelana com grampos de metal, kintsugi!
Num mundo onde a obsolescência programada está a se tornar menor de cada vez, estes jovens zelennials valorizam a qualidade do artesanato e dos produtos vintage, gostam de lojas de segunda mão e do dumpster diving (mergulhar nos contentores em busca de "tesouros" que os consumistas consideram lixo).
Este trend tem como objetivo consciencializar para a necessidade de ter cuidado ao gastar o dinheiro, para não o desperdiçar. Na verdade, a graça é aproveitar ao máximo, e assim podemos ver vídeos onde nos mostram os seus ténis únicos ou uma escova com vários anos.
Fazer parte deste trend nom só nos leva a ter consciência plena do impacto sobre o nosso planeta, sobre Gaia, do consumo excessivo e que ademáis nos diferencia nos NPCs que nom fam mais que seguir tendencias consumistas.
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